segunda-feira, 29 de julho de 2013

Essência da compaixão

Numa mesa de almoço, um avô percebe que a neta de onze anos está calada.
Subitamente, ela desaba a chorar e se dirige para outro aposento da casa.
O avô, intrigado, segue a neta querida, que já se sentava sobre o sofá da sala com a cabeça baixa.
O que foi, minha querida? O que aconteceu?
Vovô, quando vejo uma pessoa sofrendo eu sofro também. O meu coração fica junto ao coração dela...

O avô compreendeu que ela chorava porque se lembrava de alguém que estava sofrendo.

A menina, de pouco mais de uma década de vida, descobria ali a essência da compaixão.
Fernando Pessoa, através de Ricardo Reais, diz assim:
Aquele arbusto fenece, e vai com ele parte da minha vida. Em tudo quanto olhei fiquei em parte. Nem distingue a memória do que vi, do que fui.
Aqui se encontra uma das marcas da nossa humanidade. - Proclama Ruben Alves.
Vejo algo fora de mim. Mas os meus olhos trazem o que está fora para dentro de mim.
Aquele arbusto - ora, aquele arbusto... Vegetal, nada tem a ver com o poeta. Mas os meus olhos o veem e percebem que ele está fenecendo.
Sou movido por uma imensa e irracional compaixão. Recolho o arbusto que fenece dentro de mim. E eu feneço também.
* * *
A compaixão tem tal poder, e por isso é agente supremo do amor na Terra. É através dela, inicialmente, que a caridade poderá se manifestar.
Precisamos estar no lugar do outro, sentir o que ele sente, e esse sentimento provocar em nós a urgência da ação.
A compaixão é diferente da pena. A pena é estática, distante, não exige envolvimento com o outro.
A compaixão, por sua vez, é dinâmica, proativa, e implica no envolvimento profundo com a vida alheia.

Em tudo quanto olha, ela fica em parte, sim.
Em tudo quanto olha, ela se identifica, pois não consegue se ver sozinha neste mundo. Ela enxerga muito mais o nós do que o eu.
É ela que está salvando este mundo. É ela que está acelerando a mudança para o bem que vem se operando na Humanidade nos últimos tempos.
É a agente da regeneração. Irmã bendita da caridade.
Sem ela a insensibilidade toma conta, congela, paralisa.
Sem ela somos apenas instinto de sobrevivência, sem sentimento algum.
Sem ela, estagnamos a evolução individual, pois sem envolvimento com o ser coletivo, o crescimento pessoal é limitado.
Compaixão... Tenhamos hoje esta virtude como meta.
Como anda o desenvolvimento dela em seu coração?
O que você pode fazer para colocá-la em prática hoje?
As oportunidades virão. Precisamos estar prontos para ela.
Sejamos agentes de transformação do mundo, de braços dados com a compaixão, sempre.
Redação do Momento Espírita com trecho do cap. 33, do livro
O sapo que queria ser príncipe, de Ruben Alves, ed. Planeta.
Em 14.07.2009.
FONTEhttp://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2281&stat=3&palavras=compaixao&tipo=t


Verdadeira compaixão
Quando resolveu contar histórias para crianças em hospitais, como voluntário da associação Viva e deixe viver, aquele desembargador teve de superar a si mesmo.
No dia escolhido para seu turno, na ala de queimados de um grande hospital de São Paulo, ele colocou seu nariz de palhaço, ajeitou seu avental colorido e enfrentou a forte visão das crianças com queimaduras.
Foi um grande choque. Porém, em poucos minutos, ele já estava solto.
Sabia que sua maneira de exercitar a compaixão ali era dar alegria a quem estava mergulhado no sofrimento.
O que ele não podia, naquele momento, era sentir dó, piedade, peninha. Por isso riu e arrancou muitos sorrisos, com as histórias que contou.
Foi um verdadeiro sucesso. Quando estava quase saindo, sentiu um puxão no seu avental. Era um menino de uns cinco anos, com o rosto quase totalmente envolto por bandagens e esparadrapos.
O garoto fez um sinal para o desembargador se inclinar e disse bem baixinho no seu ouvido: Tio, pode não parecer, mas eu estou rindo...
Aí não teve jeito, algo se desmanchou em seu coração. Percebeu que ele se tornou mais terno, mais terno, e perdeu um pouco sua carapaça habitual de dureza.
Como não preenchê-lo de amor por aquela criança vivendo condições tão difíceis?
* * *
O sentimento da compaixão é mesmo um transbordamento amoroso. Como as lágrimas, que rolam dos olhos por causa da emoção, ela transborda diretamente do coração, só que em direção ao mundo.
Quando sentimos pena, olhamos de cima para baixo, evitando o envolvimento com a situação ou com o outro.
Quando vivemos a compaixão, olhamos de lado, de dentro e nos sentimos responsáveis, comprometidos com o outro.
A verdadeira compaixão tem por base o raciocínio de que todo ser humano tem o desejo inato de ser feliz e de superar o sofrimento, exatamente como nós.
E, exatamente como nós, o outro tem o direito de realizar essa aspiração fundamental.
O filósofo André Comte Sponville esclarece que compartilhar o sofrimento do outro não é aprová-lo nem compartilhar suas razões, boas ou más, para sofrer.
É recusar-se a considerar um sofrimento, qualquer que seja, como um fato indiferente. E um ser vivo, qualquer que seja, como coisa.
Os grandes missionários da Terra, aqueles que se dedicaram ao próximo de forma intensa, foram grandes exemplos dessa compaixão, pois não cederam à indiferença.
Não suportaram ver o sofrimento alheio sem fazer nada a respeito e se atiraram a tarefas grandiosas de abnegação e coragem pelo mundo.
A compaixão é dinâmica, atuante e vibrante.
Eis mais uma virtude que podemos aprender. Mais um tesouro escondido na alma que precisa ser descoberto.
* * *
Deixai que o vosso coração se enterneça ante o espetáculo das misérias e dos sofrimentos dos vossos semelhantes.
Vossas lágrimas são um bálsamo que lhes derramais nas feridas e, quando, por bondosa simpatia, chegais a lhes proporcionar a esperança e a resignação, que encanto não experimentais!
Redação do Momento Espírita, com base em matéria de autoria
de Liane Alves, da revista
Vida simples, de novembro de 2007 e no cap.Compaixão, do livro Pequeno tratado das grandes virtudes, de André
Comte Sponville, ed. Martins Fontes.

Em 25.04.2012


Da indiferença à compaixão
A vida moderna se desenrola em um ritmo vertiginoso.
A todo instante, surgem novidades nos mais diversos setores do conhecimento humano.
As pessoas colecionam centenas de amigos virtuais, que podem ser contatados sem sair de casa.
Por força dessas inovações, as notícias correm o mundo em questão de segundos.
As novidades mórbidas é que costumam empolgar as massas.
De outro lado, impera a sensação da necessidade de ser rápido e aproveitar muito, para não perder algo importante.
Ocorre que esse regime de urgência e negatividade tende a gerar relacionamentos superficiais.
Quem tem centenas de amigos virtuais não costuma conviver com eles, não percebe suas reais necessidades.
Tem a sensação de ser bem relacionado, quando é um solitário.
Outro subproduto da vida moderna é a tendência à indiferença.
O corre-corre dificulta que se preste atenção no semelhante.
As notícias ruins inspiram o sentimento de ser necessário precaver-se contra a exploração e o abuso.
Para não sofrer, a criatura opta por anestesiar seu sentir.
Se há muitos políticos corruptos, ela deixa de prestar atenção nas ocorrências da vida pública do país.
Como há bastante violência, procura nem notar o que ocorre a sua volta.
Por ser evidente a má fé de alguns, afasta-se de muitos.
Contudo, esse distanciamento do semelhante é artificial e deletério.
O ser humano é gregário por natureza e precisa conviver para se sentir pleno.
Sempre há o risco de se ferir e se decepcionar, sem que isso constitua razão para abdicar da essência da vida.
Convém ser cauteloso, mas tal não pode significar renúncia ao contato social.
Uma boa técnica para conviver de forma saudável em um mundo imperfeito consiste na compaixão.
Ela é um dos sentimentos humanos mais nobres e se expressa como solidariedade.
Implica participar do sofrimento do próximo, de forma dinâmica.
Não se trata apenas de lamentar a dor alheia, de sofrer junto e nem de considerá-lo um infeliz.
Ser compassivo pressupõe tomar-se do ardente desejo de auxiliar o semelhante a livrar-se do sofrimento.
Justamente por seu vigor, a compaixão inspira a adoção de medidas para melhorar o mundo em que se vive.
O compassivo não quer e nem consegue ser feliz sozinho.
Ele não é um pessimista que acha que o mundo está perdido e nada resta para fazer.
Acredita no bem e ama o progresso e por isso age com firmeza.
Não violenta consciências, mas faz o que pode para que a Humanidade se renove.
A compaixão é um sinal de sabedoria de quem compreende a fragilidade da imensa maioria dos homens.
Entretanto, à semelhança do Cristo, não os despreza, mas os auxilia e instrui.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.
Em 08.12.2009.
 
A grandeza da compaixão
Algumas das mais lindas histórias da Humanidade podem ser encontradas na literatura da velha Índia. A que você vai conhecer agora está no poema épico Mahabharata.
Uma grande batalha estava prestes a ocorrer: os Kurus e seus primos Pandavas se enfrentariam, dentro de poucas horas.
Mas, instantes antes do início da batalha, os olhos do príncipe Krishna pousaram sobre uma avezinha que estremecia diante dos ruídos da guerra. Era uma ventoinha.
O passarinho havia feito seu ninho em meio à grama alta. Logo, os elefantes e cavalos da guerra esmagariam os ovinhos que abrigavam os filhotes.
Os olhos claros de Krishna se encheram de compaixão. Desceu da carruagem e aproximou-se.
Viu a avezinha que se recusava a abandonar o ninho indefeso. Ouviu seus pios desesperados. Observou como ela se debatia, aflita, adivinhando o perigo iminente. Comoveu-se.
Mãezinha – disse Krishna – que bela é a devoção que tens à tua família! Que elevada forma de amor há em teu coração.
Buscou então um pesado sino de bronze e, cuidadosamente, cobriu a mãe e o ninho.
Conta a História que a batalha foi terrível, mas, quando terminou, a família de passarinhos estava a salvo.
Os milênios se passaram e aquele campo de batalha ainda existe na Índia. E nele se pode ouvir os pios das ventoinhas que ali fazem seus ninhos.
São a lembrança viva do gentil Krishna e de sua compaixão por todos os seres vivos.
* * *

Que lição temos nesta história singela! E como podemos estendê-la às nossas vidas.
Compaixão é enxergar o sofrimento do outro, mesmo quando estamos em meio aos nossos próprios problemas.
Compaixão é uma doce palavra, que torna o coração sensível e está muito além de somente comover-se com o sofrimento material de alguém.
É claro que fome, pobreza e doença sensibilizam a alma, mas a compaixão também pode ser traduzida pelo sentimento de compreensão perante as pessoas difíceis, pelo perdão a quem nos ofende e maltrata.
Diga-se, a mais difícil forma de compaixão é tolerar aqueles que são desagradáveis ou causam prejuízos.
Portanto, a mais séria pergunta é: Como amar os que nos humilham sem nos tornarmos covardes?
A resposta foi dada por Jesus: Seja o teu dizer sim, sim; não, não. Isto é: sinceridade, transparência sempre. Mas tudo isso dulcificado pela compaixão.
Não se trata de achar que o outro é um coitado ou um medíocre. Quem pensa assim está desprezando a outra pessoa.
O estado de compaixão compreende o próximo verdadeiramente. Não se põe em posição superior a ele. Não o humilha.
A verdadeira compaixão é generosa. Ela entende o momento e as razões da outra pessoa.
Um exemplo de gesto de compaixão está em Jesus: no alto da cruz, fustigado por fome e sede, traído pelos amigos, torturado pelos homens, ele ergueu os olhos para o Céu.
E pediu simplesmente ao Pai Celeste: Perdoa-os, Pai, pois não sabem o que fazem.
Não lhes enumerou os erros, mas suplicou para eles o perdão Divino.
Certamente cada um dos que feriram Jesus carregou, durante anos a fio, o peso do remorso. A Lei Divina não deixou de agir neles.
Mas, enquanto Seus algozes permaneciam na Terra, açoitados pela própria consciência, o Cristo seguia adiante, em paz consigo mesmo.
Hoje - pelo menos hoje - pense na grandeza desse gesto e imite Jesus.
Redação do Momento Espírita.
Em 26.02.2008.
 
 
Compaixão
Hamilton é um homem simples. Trabalha como operador de escavadeira, na cidade de Salvador, Bahia.
Em certa manhã, ele recebeu uma missão difícil de realizar: deveria destruir as duas casas singelas onde Telma morava com o marido, sete filhos e mais cinco parentes.
O terreno em que Telma construíra suas casinhas, fora doado a sua mãe por um antigo patrão, mas o patrão teria vendido essa propriedade a um engenheiro.
O suposto comprador entrou na justiça com o pedido de reintegração de posse e o processo foi julgado a seu favor.
A família de Telma deveria ser despejada.
E lá foi Hamilton...
Tomou o volante da máquina e apontou para as casas, mas não conseguiu avançar.
A cena era comovente...
Sentada na calçada, com alguns dos filhos, estava Telma.
Com seu salário de merendeira, certamente não teria condições de alugar uma casa para abrigar sua família numerosa.
Com a cabeça apoiada nas mãos, Telma chorava discretamente.
Hamilton, pai de nove crianças, não resistiu e também chorou.
Desligou a máquina. Desobedecendo a ordem de um dos policiais que estava lá para garantir o despejo, ele se recusou a executar o serviço.
Endureça seu coração e cumpra a ordem, falou o policial.
O operário não se moveu. Pela desobediência, recebeu ordem de prisão.
Como era hipertenso, Hamilton passou mal e teve de ser levado ao hospital.
A história entrou nos noticiários da noite.
Hamilton teve a prisão revogada e virou herói nacional.
Duas semanas depois, a Prefeitura de Salvador anunciava que regularizaria o terreno de Telma, para que ela pudesse morar sem temer outra ação de despejo.
* * *
A compaixão é um sentimento nobre, que brota nos corações daqueles que se deixam sensibilizar pelo sofrimento dos outros.
Sem se importar somente com a parentela corporal, quem tem compaixão se coloca no lugar daqueles que sofrem, mesmo que jamais os tenha visto.
É um sentimento que, segundo Jesus, deveria animar o coração do cristão verdadeiro.
Colocar-se no lugar dos semelhantes, fazer o que gostaria que lhe fosse feito: eis um princípio de fraternidade e solidariedade verdadeiras.
Como Hamilton, o operário que virou herói nacional, existem muitos anônimos que lutam pelos direitos dos outros com disposição e coragem.
E a compaixão é muito comum onde a pobreza é mais acentuada.
Quem sofre ou já sofreu, geralmente se compadece quando percebe alguém sofrendo.
Essa empatia, no entanto, não se constitui regra, pois existem pessoas que são indiferentes ao sofrimento alheio, ainda que conheçam de perto o que é sofrer.
Jesus, o Mestre, ergueu bem alto essa bandeira, recomendando que façamos ao próximo o que gostaríamos que o próximo nos fizesse.
E quem não gostaria de receber do próximo sentimentos de compaixão e indulgência?
Bem, a receita está aí. E a Humanidade já a conhece há, pelo menos, dois milênios.
É simples e não precisa ter dinheiro nem poder para exercê-la. Basta ter um coração piedoso, como o de Hamilton.
* * *
A piedade fraternal, que é o amor em começo, filha dileta da caridade excelsa, logo descobre como coparticipar de todo esse triste festival de angústias no cenário desolador das dores humanas.
 Redação do Momento Espírita,
com base em matéria publicada no Almanaque Brasil de
Cultura Popular, nº 55, de outubro de 2003 e no verbete Piedade, do
livro Repositório de sabedoria, v. II, ed. Leal.
Em 6.8.2012.
 
 
Gesto de compaixão
 Costuma-se dizer que pimenta nos olhos dos outros é colírio. Expressa-se, dessa forma, esse sentimento bastante comum de não nos importarmos com o sofrimento dos outros.
Afinal, já temos tantos problemas pessoais a serem equacionados, resolvidos, sem procurarmos mais problemas.
Contudo, o Modelo e Guia da Humanidade lecionou a compaixão como regra de conduta. Ele mesmo a demonstrou em vários momentos de Sua vida.
Compadeceu-se da mulher cananita, que lhe suplicava piedade e lhe curou a filha, mergulhada em enfermidade soez.
Adentrando a cidade de Naim, deparando-se com um cortejo fúnebre, condoi-se das lágrimas maternas que choram o filho, sendo levado à sepultura.
E, por verificar que o rapaz se encontrava em estado letárgico, o traz de retorno à vida, devolvendo-o ao colo materno.
Penaliza-se com o paralítico de Cafarnaum, descido pelo telhado, graças aos braços vigorosos dos amigos e lhe devolve os movimentos.
Vai a Gadara e liberta o obsediado, vítima de vários Espíritos que o atormentavam.
Compaixão é a nota constante na vida do Nazareno.
E uma dessas pessoas, verdadeiramente seguidora do Cristo, agiu de forma semelhante, dia desses.
No ônibus urbano, apinhado de pessoas, entrou uma jovem com seu bebê. Gentilmente, lhe foi providenciado lugar ao lado de uma senhora idosa.
Essa, amadurecida na experiência, calejada nas dores, para logo descobriu as lágrimas mal disfarçadas nos olhos da jovem mãe.
Enquanto acalentava seu bebê e delicadamente o alimentava, levava as mãos ao rosto, buscando colher as lágrimas, que teimavam em encher-lhe os olhos.
A senhora ficou a meditar que drama estaria vivendo aquela pessoa: Teria sido abandonada pelo pai da criança? Estaria passando por problemas financeiros?
Teria descoberto alguma doença grave no seu filhinho? Em si mesma?
O que a poderia fazer sofrer assim?
A senhora olhou a criança, tão bonita, aninhada nos braços maternos.
E imaginou quanta dor deveria sufocar o coração daquela mãe.
Teve vontade de abraçar a mãezinha, contudo, como reagiria ela a esse gesto de uma estranha?
Chegado o ponto em que deveria saltar da condução, a senhora se levantou, mas sussurrou ao ouvido da outra:
Minha filha, eu não sei qual a dor que a aflige. Mas, seja o que for, tenha fé em Deus. Ele vela por você e por seu filho.
Confie em Deus. Tudo haverá de se resolver.
A jovem ergueu os olhos e sorriu, agradecendo, de forma tímida.
Um halo de paz envolveu os três.
Com certeza, o problema fosse qual fosse, não ficou equacionado. Contudo, um coração aflito encontrou ressonância em outro coração e mudou a sua forma de pensar.
Teve reavivada sua fé e sua esperança.
E bastaram poucas palavras... Um importar-se com o outro, um breve lembrete.
Pensemos nisso e jamais detenhamos nosso gesto de compaixão ao semelhante.
Redação do Momento Espírita.
Em 27.3.2013.
 
 
 
A compaixão indispensável
A busca pelo bem-estar é inerente à natureza humana.
O desejo do homem de livrar-se do sofrimento propiciou notáveis descobertas em todos os setores do conhecimento.
Analgésicos e anestésicos podem ser citados como conquistas humanas na procura de bem-estar.
Ar condicionado, colchões ortopédicos e mesmo a singela água encanada também compõem o espectro de invenções destinadas a tornar a vida confortável.
Na busca de conforto e tranqüilidade, um dia o homem voltará sua atenção para os problemas morais que a sociedade enfrenta.
Então compreenderá que o egoísmo é a causa de todas as desgraças sociais.
Ele é que permite a um homem investir sobre o patrimônio, a honra e a vida de outro, qual uma fera selvagem.
O egoísmo é a matriz de todos os vícios.
Quando ele for combatido, todos os seus desdobramentos, como vaidade, ganância, maledicência e corrupção, perderão a força.
A disseminação das idéias espíritas é um poderoso elemento de combate ao egoísmo.
O Espiritismo deixa claro que todo vício gera dor e que a Lei de Causa e Efeito rege a vida.
Todo mal feito ao semelhante é uma semeadura de dor no próprio caminho.
Quem quer ser feliz deve tratar o próximo com todo o respeito e generosidade com que desejaria ser tratado.
A vinculação da própria felicidade à felicidade que se proporciona torna evidente o quanto é tolo ser egoísta.
Ao buscar seu interesse, em detrimento ao do próximo, o egoísta apenas se candidata a vivenciar grandes dores.
Ao se conscientizar da inexorabilidade da Lei de Causa e Efeito, a Humanidade reverá seus valores e prioridades.
Entretanto, é preciso reconhecer que uma idéia nem sempre é fácil de ser posta em prática.
Provavelmente você já se conscientizou de que a Justiça Divina é infalível.
Mas ainda titubeia em sua caminhada e por vezes comete leviandades em prejuízo do próximo.
Uma boa tática de renovação moral é parar de apenas pensar e começar a sentir.
Raciocinar é necessário, mas amar é imprescindível.
O melhor caminho para o genuíno amor fraterno é a compaixão.
Compaixão é a tristeza que se sente com a infelicidade alheia.
Mas também é o desejo de livrar o próximo do sofrimento.
para desenvolver esse nobre sentimento, deixe de fugir ao espetáculo das misérias humanas.
Permita-se conviver com os doentes e os viciados do corpo e da alma, conforme fez o Cristo.
Faça-se companheiro e amigo de idosos e enfermos.
Visite asilos, orfanatos, hospitais e presídios.
A título de preservar sua paz, não cultive a indiferença.
Deixe que seu coração se enterneça com a dor alheia.
A compaixão impede que um homem siga satisfeito em meio à tragédia que devasta a vida do outro.
Ela possui um certo encanto melancólico, pois nasce ao lado da dor e da desolação.
Contudo, constitui a mais eficiente forma de cura das ilusões e paixões humanas.
A compaixão desperta as fibras mais íntimas da alma e a prepara para as experiências sublimes do devotamento e da caridade.
Não receie sofrer ao se tornar compassivo.
Ao avançar nesse caminho, você logo se tomará do ideal de aliviar a dor do semelhante e começará a agir.
Então, a tristeza inicial se converterá no júbilo de quem amorosamente socorre e ampara os desprotegidos do Mundo.
A alegria de ser útil e bondoso iluminará sua vida e o acompanhará pela eternidade.
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita.


Compaixão solidária
 Sala do terceiro ano do ensino fundamental. Antigo primário.
 Um garoto de nove anos está sentado na sua carteira. De repente, uma poça se faz entre seus pés. Ele sente as calças molhadas.
Como foi acontecer isso? – ele se pergunta, aterrorizado. Pensa que seu coração vai parar de bater a qualquer minuto.
Nunca aquilo lhe havia acontecido antes. Sabe que, quando os meninos descobrirem, não o deixarão mais em paz.
E quando as meninas descobrirem, então! Será o fim do mundo.
Nunca mais elas falarão com ele.
Ele abaixa a cabeça e ora: Querido Deus, isto é uma emergência! Eu necessito de ajuda agora! Mais cinco minutos e serei um menino morto.
Levanta os olhos. A professora vem em sua direção.
Fui descoberto! – é o que ele pensa. E se encolhe.
Nesse exato momento, enquanto a professora anda até ele, uma coleguinha, a Susie, carrega um aquário cheio de água.
Susie tropeça na frente da professora e, inexplicavelmente, despeja toda a água no colo do menino.
Ele se assusta, se ergue e fica olhando para si mesmo. Encharcado. Literalmente encharcado da cintura para baixo.
Por dentro, ele diz: Obrigado, Senhor! Obrigado, Senhor!
De repente, em vez de ser objeto de ridículo, o menino é alvo de compaixão.
A professora desce apressadamente com ele e lhe consegue um shorts de ginástica para vestir, enquanto as suas calças secam.
Todas as demais crianças limpam a sua carteira, o chão.
A própria Susie tenta ajudar, mas é rechaçada.
Você já fez demais, sua desastrada! – dizem os colegas.
Finalmente, no fim do dia, enquanto estão esperando o ônibus, o menino caminha até Susie e lhe sussura:
Você fez aquilo de propósito, não foi?
Ela se vira para ele e sussurra: Eu também molhei minha calça uma vez.
Pode parecer uma simples história de crianças. Mas nos remete a reflexões.
Quantas vezes, em nossas vidas, já padecemos humilhação? Quantas vezes já nos encontramos em situações vexatórias?
E o que sentimos, o que passamos, serviu-nos para quê?
Recordamos dessas experiências desagradáveis, sofridas, quando vemos outras criaturas em situações semelhantes?
A experiência das dores deve nos servir para que possamos avaliar o que outros sentem. E auxiliá-los.
Isso se chama empatia.
Estabelecer ações, acionar providências para auxiliar o outro se chama compaixão. Solidariedade. Amor ao próximo.
O nome pouco importa. Importa a virtude que se estará ensaiando.
E o mundo melhor que se estará construindo. Pense nisso.

* * *
Todos possuímos males que nos maceram interiormente.
O que não nos impede de contribuir para o bem de outros.
Assim, distendamos o lenço do conforto, enxugando lágrimas.
Ofertemos a moeda da esperança ao desafortunado.
Ofereçamos o ombro amigo, o regaço acolhedor, a mão fraterna.
Para isso, não apontemos dificuldades, nem pensemos demasiadamente em nós próprios.
Saiamos ao encontro do outro. Socorramos.
Descubramos a felicidade de exercitar compaixão, solidariedade. Amor ao próximo.

Redação do Momento Espírita, com base
em história de autor desconhecido.
 
 
 Perdão e compaixão
Empurrada pela dor e o desespero aquela mulher sofredora venceu a distância e chegou à grande mansão, a fim de pedir clemência ao homem de negócios.
Com as mãos trêmulas tocou a campainha e aguardou por alguns minutos.
Uma serviçal a atendeu prestativa e voltou ao interior da faustosa residência. Depois de longa espera, o homem, a quem a mulher procurava, surgiu à porta.
Ouviu, com impaciência, a visitante que lhe falou, entre soluços e lágrimas:
Doutor, peço-lhe caridade. Meu pobre marido não tem culpa. Temos oito filhinhos passando necessidade. Oito filhos, doutor!
Tenha piedade e ajude-nos!
O senhor não ignora que meu pobre companheiro sempre foi um motorista cuidadoso! O homem estava embriagado quando se jogou contra o carro. Ele não pôde evitar o acidente, senão o teria feito.
O homem, entretanto, olhou-a sem qualquer emoção no olhar frio e indiferente.
Que deseja a senhora, com semelhante reclamação? Falou irritado.
Quem pensa que sou?
Afinal, justiça é justiça!
Seu marido foi imprudente, desnaturado. Tenho certeza de que houve premeditação e por isso sanearei a cidade. Ele servirá de exemplo aos demais motoristas criminosos, esses profissionais inconscientes!
O processo foi corretamente conduzido e a justiça provará, hoje, que seu marido é um homicida como outro qualquer.
Doutor, compadeça-se de nós! Implorou a infeliz.
Nada mais tenho a dizer. - Falou, ríspido, despedindo a pobre mulher.
O doutor não havia alcançado o interior da casa, quando enorme alvoroço se iniciou na rua.
Os populares gritavam em desespero:
Socorro! Socorro! Peguem o culpado! Peguem o culpado!
A multidão se agitou na via pública.
Ao lado de luxuoso automóvel, último modelo, debatia-se um rapaz aprisionado por homens do povo.
Não muito longe, estendida na rua, uma criança morta...
A notícia do desastre se espalhou rápido.
O doutor inteirou-se do triste acontecimento e caminhou por entre a multidão, pedindo licença, respeitoso.
O rapaz era seu filho que, no carro da família, em correria desenfreada, acabara de atropelar a pequenina indefesa.
A agonia moral transformou o semblante daquele homem que, agora, trazia no rosto paterno profunda dor.
Abraçou o filho com enternecimento de quem se compadece de um louco...
E, naquele dia, não pôde comparecer ao julgamento...
* * *
A dor moral é eficiente artesã na arte de cultivar nos corações a compaixão pelo semelhante.
Ao visitar nossa alma, deixa sulcos profundos onde germinam as sementes do verdadeiro amor.
Quando experimentamos o sabor amargo do sofrimento em nosso próprio ser, brotam em nossa intimidade as flores da compreensão e da predisposição para o perdão incondicional.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 27, do livro A vida escreve,
pelo Espírito Hilário Silva, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira, ed. Feb.

Em 06.06.2011.

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