quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Sócrates

Sócrates foi o pioneiro do que atualmente se define como Filosofia Ocidental. Nascido em Atenas, por volta de 470 ou 469 a.C., seguiu os passos do pai, o escultor Sofrônico, ao estudar seu ofício, mas logo depois se devotou completamente ao caminho filosófico, sem dele esperar nenhum retorno financeiro, apesar da precariedade de sua posição social. Seu trabalho seria marcado profundamente pelos textos de Anaxágoras, outro célebre filósofo grego.

No início, Sócrates caminhou pelas mesmas veredas dos sofistas, mas ao retomar seus princípios ele os universalizou, empreendendo a jornada típica do pensamento grego. Suas pesquisas iniciais giraram em torno do núcleo da alma humana. Até hoje este filósofo é sinônimo de integridade moral e sabedoria, pois sempre agiu com ética, responsabilidade, e tornou-se padrão de perfeita cidadania.

Ele desprezava a política e não se adaptava à vida pública, embora tenha exercido algumas funções no quadro político, inclusive como soldado. Seu método filosófico ideal era o diálogo, através do qual ele se comunicava da melhor forma possível com seus contemporâneos, no esforço de transmitir seus conhecimentos para os cidadãos gregos. Além de legar ao mundo sua sabedoria sem par, ele também formou dois discípulos fundamentais para a perpetuação e desenvolvimento de seus ensinamentos – Platão e Xenofontes -, embora não tenha deixado por escrito o fruto de suas pregações.

Casado com Xantipa, nunca priorizou sua família, sempre entregue ao exercício dos dons de que era dotado. Sua essência crítica e justa o levava a crer que tinha uma importante missão, a de multiplicar seres igualmente dotados de sabedoria, probidade, moderação. Este caminho o levaria a se chocar com a cúpula dos governantes, na qual conquistaria inimigos e insatisfação. A contundência de sua fala, o rigor de sua personalidade, seu viés crítico e mordaz, suas idéias muitas vezes opostas à estrutura social vigente e o método educativo de que se valia, geraram-lhe antagonistas no seio da estrutura política que então dominava a Grécia.

O comportamento de Sócrates desencadeou em sua prisão, acusado por Mileto, Anito e Licon, de perverter a juventude e renegar os deuses cultuados pelos gregos, trocando-os por outros. Recebendo a oportunidade de advogar a seu favor, diante do tribunal e dos homens, ele se recusou, pois não pretendia renunciar ao que acreditava e ao que pregava a seus conterrâneos. Ele preferia ser condenado pela justiça terrena e preservar, diante da imortalidade, a verdade de sua alma. Assim, optou pela morte, decretada por seus juízes, através do voto da maioria.

Mesmo diante da chance de fugir, arquitetada por seu seguidor Criton, com a complacência da justiça grega, ele recuou, pois não desejava ferir as leis de seu país. Ao esperar a execução de sua sentença, prorrogada por um mês - graças a uma lei que não permitia o cumprimento desta pena enquanto um navio empreendesse uma jornada até Delos, oferecida em cumprimento de um voto -, preparou-se psicologicamente para esta viagem além-túmulo, em conversas espiritualizadas com seus amigos.

Após ter bebido calmamente seu cálice de cicuta, veneno mortal, ele teria dito “devemos um galo a Esculápio”, pois acreditava que o suposto deus da Medicina o tinha libertado da enfermidade conhecida como ‘vida’, liberando-o para a morte. Desta forma ele partiu em 399 a.C., aos 71 anos.

Por Ana Lucia Santana
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Platão

Platão foi um dos principais filósofos gregos da Antiguidade. Ele nasceu em Atenas, por volta de 427/28 a.C., foi seguidor de Sócrates e mestre de Aristóteles. O nome pelo qual ficou conhecido era possivelmente um apelido, aparentemente ele se chamava Arístocles.

Este filósofo se encontrava no limiar de uma época, entre os valores antigos e um novo mundo que emergia, o que lhe propiciou uma riqueza de idéias sem igual. Ele tinha o poder de abordar os temas mais diversos, mais com a força da paixão e da criatividade artística do que com a lucidez da razão. Sua obra é um dos maiores legados da Humanidade, abrangendo debates sobre ética, política, metafísica e teoria do conhecimento.

Ao contrário de Sócrates, que vinha de uma origem humilde, Platão era integrante de uma família rica, de antiga e nobre linhagem. Ele conheceu seu ilustre mestre aos vinte anos. Sócrates era bem mais velho, pelo menos quarenta anos separavam ambos, mas eles puderam desfrutar de oito anos de aprendizado conjunto. Platão teve acesso também, por meio de seu professor, aos ideais pré-socráticos. Com a morte de seu preceptor, o filósofo isolou-se, com outros adeptos das idéias socráticas, em Mégara, ao lado de Euclides.

Depois de viajar pela Magna Grécia e pela Sicília, Platão regressou a Atenas e fundou a Academia, que em breve se tornou conhecida e freqüentada por um grande número de jovens que vinha à procura de uma educação melhor. Até intelectuais consagrados acorriam a esta instituição para debater suas idéias. Depois de várias tentativas de difundir seus conceitos políticos em Siracusa, na Sicília, Platão se instala definitivamente em sua terra natal, na liderança da Academia, até sua morte, em 347 a.C.

Dos filósofos da Antiguidade, Platão é o primeiro de quem se conhece a obra integral. Mas muitos de seus diálogos não são autênticos, embora supostamente assinados por ele. Seu estilo literário é o diálogo, uma espécie de ponte entre a oralidade fragmentária de Sócrates e a estética didática de Aristóteles. Nos escritos de Platão mesclam-se elementos mito-poéticos com fatores essencialmente racionais. Este filósofo não se guia pelo rigor científico, nem por uma metodologia formal.

Em Platão a filosofia ganha contornos e objetivos morais, apresentando assim soluções para os dilemas existenciais. Esta práxis, porém, assume no intelecto a forma especulativa, ou seja, para se atingir a meta principal do pensamento filosófico, é preciso obter o aprendizado científico. O âmbito da filosofia, para Platão, se amplia, se estende a tudo que existe. Segundo o filósofo, o homem vivencia duas espécies de realidade – a inteligível e a sensível. A primeira se refere à vida concreta, duradoura, não submetida a mudanças. A outra está ligada ao universo das percepções, de tudo que toca os sentidos, um real que sofre mutações e que reproduz neste plano efêmero as realidades permanentes da esfera inteligível. Este conceito é concebido como Teoria das Idéias ou Teoria das Formas.

Segundo Platão, o espírito humano se encontra temporariamente aprisionado no corpo material, no que ele considera a ‘caverna’ onde o ser se isola da verdadeira realidade, vivendo nas sombras, à espera de um dia entrar em contato concreto com a luz externa. Assim, a matéria é adversária da alma, os sentidos se contrapõem à mente, a paixão se opõe à razão. Para ele, tudo nasce, se desenvolve e morre. O Homem deve, porém, transcender este estado, tornar-se livre do corpo e então ser capaz de admirar a esfera inteligível, seu objetivo maior. O ser é irresistivelmente atraído de volta para este universo original através do que Platão chama de amor nostálgico, o famoso eros platônico.

Platão desenvolveu conceitos os mais diversos, transitando da metafísica para a política, destas para a teoria do conhecimento, abrangendo as principais esferas dos interesses humanos. Sua obra é estudada hoje em profundidade, apresentado uma atualidade inimaginável, quando se tem em vista que ela foi produzida há milênios, antes da vinda de Cristo. Seu pensamento influencia ainda em nossos dias teorias políticas, psicológicas – como a junguiana -, filosóficas, espirituais, sociológicas, entre outros segmentos do conhecimento humano.
Por Ana Lucia Santana
http://www.infoescola.com/filosofos/platao/

Aristóteles


Aristóteles é considerado um dos principais filósofos da Antiguidade, ao lado de Sócrates e Platão. Filho de Nicômaco, médico pessoal de Amintas, rei da Macedônia, nasceu na Estagira, em Calcídica, situada no litoral norte do Mar Egeu, no ano de 384 a.C. Com aproximadamente dezesseis ou dezessete anos, ele partiu para o centro cultural da Grécia, Atenas, optando pela Academia fundada por Platão.

Aí o filósofo permaneceu, ao longo de vinte anos, até a morte de seu mestre. Neste período ele se dedicou também ao estudo da filosofia pré-platônica, o que influenciaria profundamente sua futura visão teórica. Ao ser rejeitado para substituir Platão na Academia, ele se muda para Assos, onde institui um grupo filosófico, assessorado pelo governante local, Hérmias. Permanece nesta localidade por três anos, casando-se com Pítias, sobrinha do tirano. Com o assassínio deste, ele segue para a Ilha de Lesbos, na qual ele empreende grande parcela de suas célebres pesquisas biológicas, tendência que alguns estudiosos atribuem à herança recebida de seu pai e do tio.

No ano de 343 a.C., Aristóteles é convidado pelo Rei Filipe II para exercer o cargo de preceptor do Príncipe Alexandre, posto no qual ele permanece até 336 a.C., quando o nobre assume o trono. Retornando a Atenas, treze anos depois de sua partida, ele inaugura sua própria escola, próxima ao templo de Apolo Lício, sendo por isso conhecida como Liceu. Ela também era apelidada de peripatética, dado ao hábito do filósofo de transmitir seus ensinamentos em uma palestra ministrada durante tranqüilo passeio pelas veredas do Ginásio de Apolo.

Este estabelecimento de ensino seria a real sucessora da Academia platônica. Com a morte de Alexandre, porém, Atenas se insurge e tem início uma revolta nacional, liderada por Demóstenes. Ao se sentir perseguido pelos atenienses, que não o viam com bons olhos, e o condenavam como ateu, ele se exilou por vontade própria em Eubéia. Um ano depois, em 322 a.C., Aristóteles, conhecido como o filósofo, pela vasta amplidão temática que dominava, deixa o corpo, com pouco mais de 60 anos. Considerado o inventor do pensamento lógico, ele se distinguia na ética, na política, na física, na metafísica, na lógica, na psicologia, na poesia, na retórica, na zoologia, na biologia e na história natural.

Mais absorto em suas pesquisas, totalmente absorvido por suas idéias, Aristóteles foi um ser devotado à cultura, às elaborações intelectuais, à meditação, tornando-se assim mais distanciado da vida social. Ele percorreu todos os meandros da mente humana, dedicando-se amplamente à prática literária, produzindo assim uma vasta obra, da qual restam apenas alguns textos. A primeira compilação de seus escritos foi realizada por Andronico de Rodes, por volta da metade do último século a.C., incluindo Escritos lógicos, Escritos sobre a física; Escritos metafísicos; Escritos morais e políticos: a Ética a Nicômaco; Escritos retóricos e poéticos.
Por Ana Lucia Santana
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domingo, 24 de janeiro de 2016

Perdão Radical

As sublimes lições não paravam de iluminar as consciências dos discípulos interessados no conhecimento da Verdade.

Cada momento em companhia do Mestre amado revestia-se de um aprendizado inolvidável.

Jamais houvera alguém que pudesse, como Ele o fazia, cantar a beleza da sabedoria com a linguagem singela de um lírio alvinitente em pleno chavascal.

As Suas palavras eram como pérolas reluzentes que formavam colares luminosos na consciência dos ouvintes.

Ele nunca se repetia. Com as mesmas palavras entretecia variações incomuns em torno dos temas do cotidiano, oferecendo soluções simples, às vezes, profundas, com a mesma naturalidade com que se referia ao Pai, o Seu Abba.

Ressoavam nos refolhos das almas o canto incomparável doSermão da Montanha, que se lhes tornara o novo norte para o avanço no rumo da augusta plenitude.

Cada bem-aventurança era portadora de um novo conteúdo, como sendo a diretriz soberana do amor em relação ao futuro da Humanidade.

Ninguém ficava à margem, nenhum sentimento era esquecido e a fonte de inexaurível sabedoria continuava a fluir a água lustral dos ensinamentos imortais.

Ele parecia ter pressa de preparar os amigos, embora não fosse apressado.

Eram tantas as necessidades humanas que não era possível desperdiçar o tempo em cogitações da banalidade e emprego das horas em pequenezes habituais do comportamento.

Mais de uma vez Ele falara sobre a emoção do amor e a bênção do perdão, sendo porém enfático em todas elas.

O perdão é sempre melhor para aquele que o concede.

Para que não ficasse esquecido entre as preocupações que assaltavam os amigos, na sua labuta diária, Ele voltava ao tema com novas composições.

Já lhes dissera que se fazia indispensável perdoar setenta vezes sete vezes, o que significava perdoar incessante, ininterruptamente...

Naquela oportunidade ímpar, complementou o ensinamento, referindo-se à conduta pessoal de cada criatura:

Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta...

... Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda e sejas lançado na prisão.

Em verdade, vos digo que de maneira nenhuma saireis dali enquanto não pagardes o último ceitil. (*)

Tratava-se da aplicação da misericórdia nos relacionamentos, de modo a manter-se a consciência de paz.

Nesse sentido, a compaixão em relação aos erros alheios assumia papel de preponderância, mas os amigos aturdidos compreendiam que lhes era muito difícil a mudança de conduta, habituados ao desforço em relação àqueles que os prejudicavam.

Assim pensando, após a exposição do Senhor, Tiago perguntou-Lhe, recordando-se da severidade da Lei Antiga:

Como é possível, Mestre, permitir-se que o agressor fique impune, após a prática do seu ato perverso?
O Iluminado olhou-o com imensa ternura, por saber que ele era cumpridor dos deveres, severo em relação a si mesmo, portanto, exigente no que diz respeito ao comportamento dos outros e compreendeu-lhe a inquietação.

Após um breve silêncio, ante o zimbório celeste, recamado de estrelas que lucilavam ao longe, respondeu benigno:

As águas do rio limpam as margens e o leito por onde correm, transformando e decompondo o lixo e a imundície em rico adubo mais adiante, levados pela correnteza.

Assim também o amor de misericórdia transforma a agressão em bênção para a vítima, auxiliando o inimigo a purificar-se, ao largo do percurso evolutivo.

Quando se perdoa, isto não implica anuência com o erro, com o crime, com o descalabro do outro. Não se trata de desconhecer a atitude infeliz, mas objetiva não retaliar o outro, não aguardar oportunidade para nele desforçar-se.

Não devolver o mal que se sofre é o início do ato de perdoar. Compreender, porém, que o outro, o agressor, é infeliz, que ele se compraz em malsinar porque é atormentado, constitui a melhor reflexão para o perdão radical, o perdão sem reservas.

Ninguém tem o direito de oferecer ao Pai suas orações e dádivas de devotamento, se tem fechado o coração para o seu próximo, aquele que, na sua desdita, derrama fel sobre os outros e cobre a senda que percorrerá no futuro com os espinhos da própria insanidade.

Ter adversário é fenômeno normal na trajetória de todas as criaturas, no entanto, deve-se evitar ser-lhe também inamistoso, igualando-se em fraqueza moral e desdita interior. Quem assim se comporta também sofrerá julgamento da autoridade, a quem seja apresentada queixa, e essa poderá exigir-lhe o ressarcimento do mal até o último e mínimo ultraje.

É o que ocorre com qualquer ofensor ou ofendido magoado. É obrigado a refazer o caminho sob a jurisdição divina, até quitar-se de todas as mazelas e débitos morais.

O interrogante, no entanto, insistiu:

Como então fica a justiça diante daquele que lhe desrespeita os códigos austeros?
O Amigo compassivo compreendeu a inquietação do companheiro e elucidou:

A questão da justiça não pertence ao ofendido, mas aos legisladores que aplicarão a penalidade corretora que se enquadre nos códigos legais. E quando isso não ocorre, a sabedoria divina impõe-se ao calceta, que carrega na consciência o delito, fazendo-o ressarcir os danos com a sua cooperação ou sofrendo os efeitos do mal que praticou, imputando-se sofrimentos reparadores.Ninguém consegue fugir à consciência indefinidamente, porque sempre há um despertar para a realidade transcendental.

Mas, Mestre, nesse caso, todos os crimes de qualquer porte devem ser perdoados e esquecidos? - Instou, inquieto,

Serenamente, Jesus retorquiu:

Não há crime imperdoável. Há, sim, mágoas exageradas. Quem não tem condutas reprocháveis ao longo da existência, por mais austero seja em relação a si mesmo, observando os Códigos da justiça e da religião? Quantas vezes, em momentos de infelicidade e de ira, pessoas boas e generosas, devotadas ao Pai e ao dever, rebelam-se e agem incorretamente? Será justo desconhecer-lhes toda uma trajetória de dignidade por um momento de alucinação, de torpor mental pela ira asselvajada que lhes tomou a consciência?

É necessário, portanto, perdoar-se todas as formas de agressão, entregando-as ao amor do Pai Incomparável, a tomar nas mãos a lei e a justiça, aplicando-as conforme o desconforto de que se é objeto.

Assim fazendo, torna-se digno de também ser perdoado.

Esse é o sublime comportamento do amor, em forma de benignidade para com o próximo, o irmão da retaguarda evolutiva.

Depois do silêncio que se abateu natural, no círculo de amigos, Ele adiu gentilmente:

Convém recordar-se, igualmente, que todos necessitam do perdão para as suas ações infelizes, desse modo, devendo perdoar-se, purificar a mente, permitir-se o direito de errar, compreendendo a sua humanidade e fraqueza, mas não permanecendo no deslize moral nem se comprazendo em ficar na situação a que foi arrojado.

O autoperdão é conquista do amor que se renova e compreende que se está em processo de renovação e de autoiluminação.

Assim, portanto, rogando-se ao Pai perdão pelos próprios delitos, amplia-se o pensamento e alcança-se o agressor digno de ser perdoado também.

A noite prosseguia rica de suaves perfumes e incrustada dos diamantes estelares, registrou a lição imorredoura do perdão a todas as ofensas.

Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no lar de Armandine e
Dominique Chéron, na manhã de 5 de junho de 2014,
em Vitry-sur-Seine, França.
Em 18.1.2016.
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=390

Descalabros morai

Sucedem-se, em volúpia surpreendente, os escândalos na sociedade contemporânea, que se sente aturdida sob o clamor das decepções e dos desencantos em escala crescente. Causando grande impacto a princípio, alcançam nível de acontecimento comum e trivial, quando o mais recente, sempre mais escabroso, diminui ou apaga as impressões perturbadoras do anterior.

São de todo jaez, tendo as suas raízes no egoísmo e na prepotência humana, decorrente do atavismo animal.

Conhecidos em todas as épocas da História, na civilização atual atingem um clímax alarmante e sem precedentes.

Cidadãos masculinos e femininos de alto coturno social, que se apresentam como verdadeiros modelos de triunfo, de repente são arrolados como criminosos vulgares, em razão dos seus torpes compromissos morais, que revelam a lama sobre a qual edificam as aparências brilhantes.

Desvios sexuais, que se tornam comportamentos aplaudidos, infidelidade conjugal e adultério, suborno e tráfico de influência, de drogas, de contratos multimilionários, de criaturas humanas crucificadas na escravidão, corrupção de todos os matizes, são-lhes as feridas purulentas ocultas em tecidos caros, em roupas luxuosas, sob adereços caríssimos e em ambientes de alto poder de consumo...

Sem o pudor nem a dignidade que fingem defender e vivenciar, utilizam-se dos expedientes sórdidos do crime para acumular fortunas incalculáveis, emparedadas em cofres de aço de segurança máxima em paraísos fiscais e bancos internacionais.

Os recursos que reúnem com doentia avidez, se aplicados na educação das novas gerações e no trabalho que fomenta o progresso, conseguiriam afugentar os devastadores fantasmas da fome, das doenças e a cruel violência que semeia o terror em toda parte, culminando em guerras terríveis, algumas não declaradas...

Indiciados, após acusações vergonhosas dos seus comparsas, não dispõem da mínima compostura, lutando para provar inocência irônica e mentirosa.

Utilizam-se, os seus defensores, das brechas das leis benignas, algumas por eles mesmos elaboradas para o retorno ao convívio social, sem a mínima demonstração de honorabilidade.

Tendo anestesiada a consciência que adaptaram às circunstâncias da corrupção, deixam transparecer que a sua é a conduta correta, com os descalabros morais de que se revestem.

Felizmente, a facilidade de comunicação desmascara-os e embora nem sempre sejam punidos conforme são merecedores, vivem asfixiados nos pântanos em que se atiraram.

Cada dia são desmontadas novas quadrilhas de luxo nos altos escalões da sociedade.

Essas vítimas do materialismo enlouquecido, que acreditam somente no poder do dinheiro, das posições relevantes, não podem fugir da própria consumpção, do passar do tempo, das doenças e da morte.

Creem-se inteligentes pela habilidade de burlar as leis, de enganar aos demais, quando, em realidade, são apenas astutos de breve trânsito no corpo.

Infelizmente, o triste espetáculo mascara a cultura de desregramentos a caminho do caos.

Nem todos os indivíduos terrestres encontram-se malsinados com o sinete da desonra. Esses, os desonestos, chamam a atenção e parecem, constituir a grande mole humana.

Embora desconhecidos, existem em todos os segmentos sociais indivíduos honoráveis e dignos.

São eles os pilotis, sobre os quais se constroem a civilização, a ética e a cultura sadia.

Este é um momento de transição espiritual que alcança todos os programas da evolução terrestre.

Enfrentam-se as duas sociedades: a decadente, que está acostumada ao mal e aqueloutra, a digna, que labora no bem.

A vitória, sem dúvida, inevitável, é da seriedade, do comportamento sadio, porque o crime é desvio de conduta, não é o comportamento correto.

Não se deve, portanto, permanecer em dúvida íntima em face do triunfo enganoso dos criminosos bem-vestidos e invejados.

Ignoras os conflitos que os aturdem, porque ninguém consegue viver irregularmente e em paz. Eles afogam os tormentos, ou pelo menos tentam, nas libações alcoólicas, nos excessos sexuais, nas drogas ilícitas, a fim de permanecerem no palco do prazer, desconfiados e temerosos.

Não os invejes, não os antipatizes. Eles já estão sobrecarregados de preocupações, insatisfeitos com a própria existência, que perdeu o sentido psicológico e fundamental da vida.

São triunfadores, sim, mas algozes de si mesmos.

O comportamento correto é o único a propiciar harmonia íntima.

Confia em Deus e na Sua paternal misericórdia.

Reflexiona em torno dos sofredores que também rebolcam em dores terríveis ao teu lado. Estão ressarcindo o comportamento alucinado de existências pretéritas.

O mesmo acontecerá aos fantoches aplaudidos de hoje pelos seus aficionados.

Quanto a ti, age sempre com retidão, cultivando o bem em todas as circunstâncias.

Quem visse Aquele Homem sob o peso da cruz e Pilatos, o Seu crucificador, acreditaria que o representante de César era o triunfador.

Logo depois, Pilatos foi mandado para o exílio e suicidou-se, enquanto o Homem condenado morreu e ressuscitou, em triunfo de imortalidade.

Pensa, desse modo, na glória terrestre e na espiritual, e faze a tua escolha.
Joanna de Ângelis.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 
1º de junho de 2015, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 19.11.2015.
http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=363

Humildade

Reflexões sobre a humildade
A humildade é uma virtude de difícil aquisição, por exigir esforço para superar-se os instintos que predominam em a natureza humana, especialmente o da sobrevivência.

Ao materialismo devem-se muitos males, entre os quais aqueles que defluem dos estímulos e aplicações pedagógicas em favor do ego e das suas mazelas. Há uma preocupação ancestral dedicada à formação do caráter que privilegia a força pessoal, o destaque, a independência, o poder. Essa preocupação em torno dos falsos conceitos de que o homem não chora, o forte prevalece,o vitorioso é aquele que soube resguardar-se, distante dos problemas alheios, demonstra que esses são elementos perniciosos e que se opõem à humildade.

Cuida-se de condicionar o educando à presunção, ao orgulho das suas conquistas em detrimento da fragilidade de que todos os seres são formados.

Uma insignificante picada de um instrumento infectado interrompe uma vida esplendorosa e um ser triunfante.

Modesto mosquito transmite vírus terríveis que devoram existências poderosas.

Bastaria ligeira reflexão para a criatura humana dar-se conta da sua fraqueza ante as forças da Vida e os fatores destrutivos que pululam em toda parte.

No sentido inverso, a grandeza cósmica que o deslumbra, pode dar-lhe dimensão da sua pequenez, levando-o a considerações profundas quanto ao significado existencial.
A humildade é virtude essencial para uma jornada feliz na Terra. Mediante a sua presença, percebe-se quanto se deve trabalhar o íntimo para aformosear-se as aspirações e avançar-se na solidariedade como fundamental comportamento para o equilíbrio.

Analisando-se as conquistas conseguidas pela ciência e tecnologia, ao invés da presunção ingênua, perceber o infinito de possibilidades a conhecer e de enigmas a solucionar.

O deslumbramento inicial pode levar o rei da criação, dito ser a criatura humana, a esse estado de orgulho infantil que o ilude a respeito dos poderes que lhe estão ao alcance das mãos para a glória e o prazer, sempre relativos, da sua breve caminhada entre o berço e o túmulo.

A vã ilusão de potência e domínio na mocidade e idade adulta dilui-se quando as energias diminuem na velhice e nos períodos de enfermidade, confirmando-lhe a fragilidade acima de toda e qualquer robustez.

A maioria dos Hércules e Vênus do culto ao corpo, passado o período específico dos esportes e dos exercícios exaustivos, da alimentação sob rígido controle, tomba nos graves problemas cardiológicos e outros que o excesso de técnicas e de substâncias que contribuem para a beleza exterior, que agora se transforma em degenerescência e debilidade.
A experiência terrestre tem como essencial a finalidade do autodescobrimento, do sentido de existir, do desenvolvimento da inteligência e do Si profundo.

Utilizar-se das ocorrências para aprimorar-se é o programa da Vida para todos.
*
Jesus, que é o protótipo da perfeição e da beleza de que se tem notícia, apagou a Sua grandeza na humildade para ensinar a vitória sobre as paixões inferiores.

Deu o exemplo máximo da Sua elevação na última ceia quando, cingindo-se com uma toalha, lavou os pés dos discípulos, demonstrando que sendo o Senhor fazia-se servo para todos.

Incompreendido por Pedro, que se Lhe recusara, explicou-Lhe que se o não fizesse nada teria com Ele, e o apóstolo emocionado entregou-se-Lhe em totalidade.

A grandeza do Seu gesto demonstra a força moral, o Seu poder de servir, deixando a lição perene como advertência e orientação.

Cuida de penetrar-te até às nascentes do coração, para que a mosca azul da vaidade não pouse na tua insignificância.

Busca a simplicidade e a compreensão existenciais, tendo em vista que tudo mais é transitório e tem somente o valor que lhe atribuis.

Faze-te acessível e atento para aprender com os pobres de espírito a forma de enriquecer-te de humildade e de paz.

Nunca disputes projeção e destaque, recordando o ensinamento de Jesus, quando informou que os primeiros serão os últimos e estes serão os primeiros.
Afeiçoa-te ao anonimato, não deixando sinais do bem que faças, a fim de que não sejas exaltado, qual ocorre com muitos fúteis e irresponsáveis, que são louvados e bajulados sem mérito real.

Mas não penses que humildade é menosprezo, desconsideração por si mesmo, subalternidade, escondendo conflitos de inferioridade.

A verdadeira humildade permite o autoconhecimento em torno dos valores que são legítimos no ser, sem os exaltar nem se engrandecer, compreendendo o quanto ainda necessitas para atingir o ideal, tendo o prazer de sacrificar-se pelo conseguir.

*
Muitos Espíritos reencarnaram-se com nobres missões e falharam, porque se ensoberbeceram e se permitiram as glórias terrenas que os frustraram, abandonando-os na etapa final da vida.

Recorda-te daqueles outros que se apagaram na humildade, adotando o sacrifício e a abnegação, edificando o bem em vidas incontáveis.

Bem-aventurados os humildes de coração e ricos de amor, porque eles fruirão a plenitude.

Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica
da noite de 10 de agosto de 2015, no Centro Espírita 
Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 9.9.2015.

COMO ERA A PESSOA DE JESUS CRISTO

COMO ERA A PESSOA DE JESUS CRISTO, documento em ROMA (enviado por Públios Lentulus)

Do senador e governador da Judéia, Públios Lentulus, que substituíu Pilatos para o Imperador César Romano:
- Soube ó César, que desejavas informações acerca desse homem virtuoso que se chama Jesus, que o povo considera um profeta, e seus discípulos, o filho de Deus, criador do céu e da terra.

Com efeito, César, todos os dias se ouvem contar dele coisas maravilhosas.
Numa palavra, ele ressuscita os mortos e cura os enfermos.

É um homem de estatura regular, em cuja fisionomia se reflete tal doçura e tal dignidade que a gente sente obrigado a amá-lo e temê-lo ao mesmo tempo.
A sua cabeleira tem até as orelhas, a cor das nozes maduras e, daí aos ombros tingem-se de um louro claro e brilhante; divide-se uma risca ao meio, á moda nazarena.
A sua barba, da mesma cor da cabeleira, e encaracolada, não longa e também repartida ao meio.

Os seus olhos severos têm o brilho de um raio de sol; ninguém o pode olhar em sua face. 

“A gravura acima de Jesus, pintada pelo próprio Públios Lentulus” Quando ele acusa ou verbera, inspira o temor, mas logo se põe a chorar.
Até nos rigores é afável e benévolo.
Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas muitas vezes foi visto chorando.
As suas mãos são belas como seus braços, toda gente acha sua conversação agradável e sedutora.
Não é visto amiúde em público e, quando aparece, apresenta-se modestissimamente vestido.
O seu porte é muito distinto. É belo.
Sua mãe, aliás, é a mais bela das mulheres que já se viu neste país..
Se o queres conhecer, ó César, como uma vez me escreveste, repete a tua ordem e eu te o mandarei.
Se bem que nunca houvesse estudado, esse homem conhece todas as ciências.
Anda descalço e de cabeça descoberta.
Muitos riem, quando ao longe o enxergam; desde que porém. se encontram face a face com ele, tremem e admiram-no.
Dizem os hebreus que nunca viram um homem semelhante, nem doutrinas iguais às suas
Muitos crêem que ele seja Deus, outros afirmam que é teu inimigo, ó César.
Diz-se ainda que ele nunca desgostou ninguém, antes se esforça para fazer toda gente venturosa.

OBS 1
A descrição acima foi traduzida de uma carta de Públius Lentulus a César Augusto, Imperador de Roma.
Públius Lentulus, senador, foi predecessor de Pôncio Pilatos como governador da Judéia, na época em que Jesus Cristo foi cruxificado. O texto original encontra-se na biblioteca do Vaticano.
Comprovada sua autenticidade, tornou-se, fora da Bíblia, o documento mais importante sobre a pessoa do Senhor Jesus.

OBS 2
Sabemos também que após a crucificação de Cristo, algum tempo depois, Públius Lentulus perdeu sua esposa na arena e após, tornou-se seu seguidor e, juntamente com sua filha Lívia, levava a palavra de Deus aos povos da época 
Fonte: A Voz do Espiritismo

sábado, 23 de janeiro de 2016

Preocupação com a opinião dos outros

Entre o que os outros pensem ou digam de ti, está a realidade.

E a realidade costuma ser algo diferente.

Os outros responderão pelo que digam e pensem,
equivocadamente ou não, a teu respeito.

Responderás, no entanto, exclusivamente pelo que és e pelo que fazes.

Ante os que te acusem ou absolvam, 
o que importa é o que te fala a consciência.Muitos te culparão por interesse e outros te isentarão por conveniência.
Prevalecerá, porém, o que ajuízas de ti.

Aplausos ou apupos são manifestações circunstanciais e transitórias.

Após cessarem, permanecerás contigo mesmo, 
mergulhado em profundo silêncio.

Só pesarás, então, 
o móvel de tuas intenções e a repercussão de tuas atitudes.

E, com base na verdade dos fatos, te absolverás ou condenarás.

Completamente alheio ao processo sumário com que 
a opinião pública te faz tomar assento no banco dos réus.

Irmão José

Psicografia de Carlos A. Bacelli :: Do livro : Dias Melhores
http://coeluzsolar.blogspot.com.br/search?updated-max=2015-05-05T12:50:00-03:00&max-results=7&start=182&by-date=false

Realidade

No inter-relacionamento pessoal apresenta-se disfarçado, ora exigente em relação aos outros ou excessivamente severo para consigo mesmo, projetando os seu. O ego iludido busca sobreviver, utilizando-se de inúmeros mecanismos de fuga da realidade, e expressa-se usando variadas máscaras, a fim de não se deixar identificar.s conflitos ou introjetando as suas aspirações não realizadas. Subconscientemente possui conceitos incorretos sobre si mesmo, não se dispondo à coragem de enfrentar a realidade, superando-a, quando negativa, ou aprimorando- a, se favorável.

Fixando-se na ilusão dos conflitos, cuida de apresentar-se de forma conciliadora – a atitude subconsciente com o que gostaria realmente de ser e a aparência conveniente – expressando-se como pessoa feliz, realizada.

Em razão do desgaste dos valores éticos na sociedade, o medo de desvelar-se a outrem gera reações e subterfúgios, nos quais procura compensações psicológicas, que não são plenificadoras. Porque os seus alicerces são frágeis, logo ruem as construções de bem-estar que se aparenta possuir, tombando-se em angústias reprimidas e agressões, por transferência emocional, para compensação íntima.

Há uma gama expressiva de atitudes humanas que estão longe de serem legítimas e resultam de posturas opostas à sua realidade.

Ressalvadas algumas exceções, que ocorrem nos idealistas não apaixonados nem extremistas, a maioria dos que vociferam contra, seja o que for, mascara desejos subconscientes, que reprime por falta de valor moral para expressá-los com nobreza.

O indivíduo puritano, que fiscaliza a má conduta alheia, projeta o estado interior que procura combater noutrem, porque não se dispõe a fazê-lo em si.

O crítico mordaz, persistente, de olhar clínico para os erros e misérias dos outros, é portador de insegurança pessoal, mantendo um grande desprezo por si próprio e compensando-se na agressão.

Quem se identifica normalmente com as dores e aflições, a humildade exagerada, portanto inautêntica, exterioriza, inconscientemente, um estado paranoico, ao lado de insopitável desejo de chamar a atenção para si.

Aquele que sempre racionaliza todas as ocorrências, encontrando justificativas para os próprios insucessos e erros, teme-se, sem estrutura emocional para libertar-se dos conflitos.

Sem agressividade nem pieguismo, ou ânsia de confissões injustificáveis, desvela-te aos teus irmãos, aos teus amigos, a fim de que eles se descontraiam e se te apresentem como são.

Não pretendas ser o censor das vidas, perturbando os jogos das pessoas com a apresentação das tuas verdades. Se lhes tiras o suporte de sustentação, tens o que oferecer-lhes em termo de comportamento e segurança?

Vigia-te, pois, e descontrai-te, deixando-te identificar pelos valores grandiosos e pelas deficiências, assim facilitando aos que convivem contigo o mesmo ato de desvelamento e confiança.

Somente com pessoas que conhecemos, podemos sentir-nos realmente bem.

Divaldo Pereira Franco. Momentos de Saúde. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.

O ESPÍRITO PERFEITO Jesus

Uma das obras mais célebres do Século XX, rapidamente traduzida para quase todas as línguas, é a Vida de Jesus, de autoria de Ernest Renan.
Em 1862, o autor foi nomeado professor de hebraico no Collège de France. O governo de Napoleão III suspendeu o curso, após a primeira aula.

Isso porque Renan chamara Jesus de Homem Incomparável. Um Homem acima de todos os profetas, ímpar, sem igual. Mas, um homem.
Para ele, a popularidade de Jesus procedia daquele amor raro que Ele oferecia a todas as gentes, um amor incondicional.

As pessoas não estavam acostumadas a esse tratamento. Acabavam se maravilhando e entregando suas próprias crenças ao serviço da Boa Nova apaixonante.
Também o discurso do Nazareno, de fácil compreensão, cheio de parábolas sábias e ilustrativas, soava aos ouvidos como o mais belo e convincente.
Eram palavras que prometiam uma nova vida, cheia de esperança e livre das dores humanas. Uma filosofia nunca dantes apresentada.
A vida de Jesus é verdadeiramente arrebatadora. Muito a respeito dessa invulgar personalidade já se escreveu.

Seus primeiros biógrafos, os quatro Evangelistas, O retratam como um homem fora do Seu tempo.
Nem poderia ser de outra forma. Conforme os ensinos dos Espíritos, Jesus é o único Espírito Perfeito que habitou a Terra.
Por isso, Suas ações, Seus ensinos extrapolam os conceitos da Humanidade que ainda não alcançou a excelência das virtudes.
Como pedagogo de excepcionais qualidades, Ele viveu o que ensinou.
Disse que se deveria oferecer ao agressor a outra face, ou seja, não revidar o mal recebido.
E, sendo traído por um dos Seus, para ele somente teve gestos de afeto. Quando recebe o beijo da traição, indaga: Amigo, a que viestes? Ou seja, o que você deseja? Por que vem a mim, na calada da noite, com soldados armados?
Senhor do Mundo, Se submeteu ao julgamento do procurador da Judeia, que estava muito mais interessado em manter a sua posição e o seu poder do que, verdadeiramente, julgar com imparcialidade e nobreza.

Tão verdadeiro é esse posicionamento que, mesmo não tendo encontrado nada que devesse ser punido naquele homem, lhe confere a sentença de morte.
E O manda executar da forma terrível que Roma reservava para os revolucionários, os que se erguiam contra o Império.

Contudo, o Pastor das Almas somente teve palavras de perdão. Em meio à agonia da cruz, roga ao Pai que a todos perdoe, pois que não sabem o que fazem.
O supliciado Se preocupa pelo futuro dos Seus algozes.
Arauto da Imortalidade, entregou o Espírito ao Pai, em lacônica mas profunda prece.
E, adentrando a Espiritualidade, retornou glorioso, demonstrando que a morte não Lhe destruíra senão o corpo físico.
Ele estava ali, triunfador da morte, testificando que a vida prossegue, que quem parte não esquece os que permanecem na Terra.
E, aparecendo no cenáculo a portas fechadas, fazendo-Se anunciar por vento brando; ou aguardando na praia os companheiros que vinham da pesca, demonstra estar vivo, presente, atuante.

Sim, tinha razão Ernest Renan ao apresentá-lO como um Homem Incomparável, o maior entre todos os Profetas: Nosso Mestre e Senhor Jesus.
Redação do Momento Espírita.

A mente é o espelho da vida em toda parte

A mente é o espelho da vida em toda parte.

Ergue-se na Terra para Deus, sob a égide do Cristo, à feição do diamante bruto, que, arrancado ao ventre obscuro do solo, avança, com a orientação do lapidário, para a magnificência da luz.

Nos seres primitivos, aparece sob a ganga do instinto, nas almas humanas surge entre as ilusões que salteiam a inteligência, e revela-se nos Espíritos Aperfeiçoados por brilhante precioso a retratar a Glória Divina.

Estudando-a de nossa posição espiritual, confinados que nos achamos entre a animalidade e a angelitude, somos impelidos a interpretá-la como sendo o campo de nossa consciência desperta, na faixa evolutiva em que o conhecimento adquirido nos permite operar.

Definindo-a por espelho da vida, reconhecemos que o coração lhe é a face e que o cérebro é o centro de suas ondulações, gerando a força do pensamento que tudo move, criando e transformando, destruindo e refazendo para acrisolar e sublimar.

Em todos os domínios do Universo vibra, pois, a influência recíproca.

Tudo se desloca e renova sob os princípios de interdependência e repercussão.

O reflexo esboça a emotividade.

A emotividade plasma a ideia.

A ideia determina a atitude e a palavra que comandam as ações.

Em semelhantes manifestações alongam-se os fios geradores das causas de que nascem as circunstâncias, válvulas obliterativas ou alavancas libertadoras da existência.

Ninguém pode ultrapassar de improviso os recursos da própria mente, muito além do círculo de trabalho em que estagia; contudo, assinalamos, todos nós, os reflexos uns dos outros, dentro da nossa relativa capacidade de assimilação.

Ninguém permanece fora do movimento de permuta incessante.

Respiramos no mundo das imagens que projetamos e recebemos.

Por elas, estacionamos sob a fascinação dos elementos que provisoriamente nos escravizam e, através delas, incorporamos o influxo renovador dos poderes que nos induzem à purificação e ao progresso.

O reflexo mental mora no alicerce da vida.

Refletem-se as criaturas, reciprocamente, na Criação que reflete os objetivos do Criador.

Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

Salmo 77

Salmo 77
CLAMEI a Deus com a minha voz, a Deus levantei a minha voz, e ele inclinou para mim os ouvidos.


No dia da minha angústia busquei ao Senhor; a minha mão se estendeu de noite, e não cessava; a minha alma recusava ser consolada.


Lembrava-me de Deus, e me perturbei; queixava-me, e o meu espírito desfalecia. (Selá.)

Sustentaste os meus olhos acordados; estou tão perturbado que não posso falar.

Considerava os dias da antiguidade, os anos dos tempos antigos.

De noite chamei à lembrança o meu cântico; meditei em meu coração, e o meu espírito esquadrinhou.

Rejeitará o Senhor para sempre e não tornará a ser favorável?

Cessou para sempre a sua benignidade? Acabou-se já a promessa de geração em geração?

Esqueceu-se Deus de ter misericórdia? Ou encerrou ele as suas misericórdias na sua ira? (Selá.)

E eu disse: Isto é enfermidade minha; mas eu me lembrarei dos anos da destra do Altíssimo.

Eu me lembrarei das obras do SENHOR; certamente que eu me lembrarei das tuas maravilhas da antiguidade.

Meditarei também em todas as tuas obras, e falarei dos teus feitos.

O teu caminho, ó Deus, está no santuário. Quem é Deus tão grande como o nosso Deus?

Tu és o Deus que fazes maravilhas; tu fizeste notória a tua força entre os povos.

Com o teu braço remiste o teu povo, os filhos de Jacó e de José. (Selá.)

As águas te viram, ó Deus, as águas te viram, e tremeram; os abismos também se abalaram.

As nuvens lançaram água, os céus deram um som; as tuas flechas correram duma para outra parte.

A voz do teu trovão estava no céu; os relâmpagos iluminaram o mundo; a terra se abalou e tremeu.

O teu caminho é no mar, e as tuas veredas nas águas grandes, e os teus passos não são conhecidos.

Guiaste o teu povo, como a um rebanho, pela mão de Moisés e de Arão.

SALMO 5.8-12

SALMO 5.8-12
Conduze-me, Senhor, na tua justiça, por causa dos meus inimigos;
aplaina o teu caminho diante de mim.
Nos lábios deles não há palavra confiável;
suas mentes só tramam destruição.
Suas gargantas são um túmulo aberto;
com suas línguas enganam sutilmente.
Condena-os, oh Deus!
Caiam eles por suas próprias maquinações.
Expulsa-os por causa dos seus muitos crimes, pois se rebelaram contra ti.
Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti;
cantem sempre de alegria!
Estende sobre eles a tua proteção.
Em ti exultem os que amam o teu nome.
Pois tu, Senhor, abençoas o justo;
o teu favor o protege como um escudo.
(Salmo 5.8-12)

Medo da Morte

Quando, enfim, entendermos que a morte como destruição, como fim definitivo, não existe, quem sabe esse temor da morte comece a ceder um pouco.
A morte precisa ser entendida como renovação, como final de uma etapa e início de outra.

Endireitai o caminho do Senhor

"Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías." (João Batista - JOÃO, 1: 23)

A exortação do Precursor permanece no ar, convocando os homens de boa vontade à regeneração das estradas comuns.
Em todos os tempos, observamos criaturas que se candidatam à fé, que anseiam pelos benefícios do Cristo. Clamam pela sua paz, pela presença divina e, por vezes, após transformarem os melhores sentimentos em inquietação injusta, acabam desanimadas e vencidas.

Onde está Jesus que não lhes veio ao encontro dos rogos sucessivos? Em que esfera longínqua permanecerá o Senhor, distante de suas amarguras? Não compreendem que, através de mensageiros generosos do seu amor, o Cristo se encontra, em cada dia, ao lado de todos os discípulos sinceros. Falta-lhes dedicação ao bem de si mesmos. Correm ao encalço do Mestre Divino, desatentos ao conselho de João: "endireitai os caminhos".
Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do crime, lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições, não é justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz sem queixas de qualquer natureza.
Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção.

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Espírito: EMMANUEL
Psicografia: Francisco Cândido Xavier
Livro: "Caminho Verdade e Vida"

Crer em Deus

Quando se pergunta a uma pessoa se ela crê em Deus, a resposta, com raras exceções, é afirmativa. Sim, ela crê em Deus.
Estranhamente, embora o expressivo número de pessoas que dizem crer em Deus, é igualmente expressivo o número dos desencantados, depressivos, desesperados.

Como se pode explicar que crendo em Deus, Pai amoroso e bom, que tudo vê, tudo sabe, tudo faz, a pessoa possa cair no poço da desesperança?

Talvez a resposta esteja na forma como cremos em Deus, ou somos levados a crer.

Albert Einstein, certa vez, em Nova York, num diálogo com o Rabino Goldstein, foi indagado se acreditava em Deus. Ele respondeu:
Tenho a origem judaica arraigada em meu interior. Acredito no Deus de Spinoza, que revela a harmonia em tudo o que existe. Não acredito, porém, que Deus se preocupe pela sorte das ações cometidas pelos homens.
Por causa desta declaração muitas polêmicas foram geradas entre Albert, físicos e religiosos. Muitos se apegaram a sua declaração para desenvolver protestos sobre as suas teorias.

Religiosos se manifestaram, dizendo que a Teoria da Relatividade deveria ser revista. Diziam que por trás de toda a controvérsia daquele físico, estava o terrível fantasma do ateísmo.
Que ele disseminava dúvidas com relação à presença de Deus sobre a criação de todo o Universo e as criaturas.

A resposta do físico foi serena, embora para muitos tenha continuado incompreensível.
Ele dizia que sua religião consistia na admiração pela humildade dos Espíritos superiores, pois esses não se apegam a pequenos detalhes, ante os nossos Espíritos incertos.
Dizia: Por esse motivo racional, diante da superioridade desse Universo, é que localizo e faço a ideia de Deus. Não sou ateu.

Quem quer deduzir isso das minhas teorias científicas, não fez por entendê-las.
Creio pessoalmente em Deus e nunca em minha vida cedi à ideologia ateia. Não há oposição entre ciência e religião.
O que há são cientistas atrasados, com ideias que não evoluíram, com o passar do tempo.
Vejo na experiência cósmica uma religião nobre, uma fonte científica para profundas pesquisas.
Procuro entender cada estrela contida nesse imenso Universo, que não é material.
Quem assim não procede, sentindo essa estranha sensação de querer levitar no infinito, realmente não sabe viver, porque está morto, diante de tanta beleza divina.
Há muitas formas de o ser humano crer em Deus. Há, para muitos, o Deus jurídico, legislador, agente policial da moralidade, que, através do medo, estabelece essa distância da verdadeira crença.

Deus está em todas as minhas teorias e invenções. Ele está presente em tudo e creio que em todos, até nas formas mais primitivas.
Essa é a minha religião e o Deus em que creio.
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Se assim dizia, assim viveu. Albert Einstein foi o exemplo do cristão autêntico, preocupando-se, de forma constante, com seu semelhante.
Ainda dois anos antes de sua desencarnação, foi comemorado seu aniversário numa grande festa pública.

Tudo o que lhe foi dado como presentes, Albert transformou em dinheiro e enviou para os fundos da Faculdade de Medicina Albert Einstein.
Fonte: Eu espírita